Sunday, December 31, 2006

Saddan

Na ponta de uma corda terminou os dias do "Açogueiro de Bagdá", como Saddan Hussein era chamado pelos seus detratores. Em todo esse processo ficou um gosto de "justiça mais ou menos bem feita" - é discutível a validade da pena capital -, mas feita de modo e por mãos injustas ou, para citar uma passagem biblica: "Porque enxergas o cisco no olho do teu irmão e não vês a trave no teu".

Dá para enxergar por detrás da sentença o desejo de vingança na mão do Big Brother Mundial, que se intitula a polícia do mundo, contra um amigo antigo que se tornou inimigo. Desafeto dos Bush, Saddan serviu como um bode expiatório para dar uma resposta - indevida - e para efeitos de política interna, pela incapacidade de pegar o bode real, o bode Bin Ladden.

Até a forma como se deu a execução de Saddan cheira a coisa mal feita, feita à socapa, às escondidas no meio da madrugada depois de um verdadeiro festival de desinformação. Cheirou a "fazer depressa antes que descubram as falhas do processo". Normalmente os processos seguem ritos demorados, e mais ainda quando a pena capital é aplicada, nesse caso o rito foi sumário, interessadamente sumário.

Wednesday, December 20, 2006

Maldade impossível

Prefiro acreditar que nesse caso das crianças infectadas com o vírus Hiv na Líbia a maldade esteja com o governo de Kadhafi. Custa-me a crer que médico e enfermeiras sejam capazes de infectar mais de 400 crianças deliberadamente. Como dizem algumas autoridades, parece ser o caso de descaso Líbio com a saúde que agora "precisa encontrar algum bode espiatório" para as suas deficiências.

Eu tenho uma contrariedade com as penas capitais, principalmente nos casos onde o direito à defesa não parece estar assegurado, como é esse, ou como está sendo o de Saddan. Não estou nem entrando no mérito dos casos, só constatando que parece não estar havendo - em ambos os casos - o direito a ampla defesa. Como também transpira - em ambos os casos - uma motivação política para as sentenças.

Nos casos os organismos internacionais tem se manifestado contrariamente as sentenças e, espera-se que essa pressão acabe por mudar o destino dos réus.