Sunday, November 19, 2006

(Des)Ilusões

Sempre gostei muito de história e lembro que nos tempos da juventude estudei com muito afinco e entusiasmo o capítulo destinado à Revolução Francesa e ao Iluminismo. Nessa fase da vida, na juventude, esse tipo de tema sempre tem um atrativo especial, combina com o nosso espírito, e nos imaginamos autênticos revolucionários, tudo gerado pelo destemor da inocência, pela arrogância do desconhecimento, e pela nossa pouca vivência.

A imagem que formamos pela leitura, e os escritores são de todo responsáveis por essa nossa formação, é a de que a revolução teria representado um marco na vida do povo francês. Hoje eu diria que sim e não, que foi, sim, um marco na história francesa, mas representou muito pouco para o povo. O movimento deslocou o poder da realeza para a alta burguesia, e o povo continuou na mesma. Pobre era antes e pobre continuou sendo depois.

E essa tem sido a história, não dessa revolução, mas a de todas as revoluções no mundo. Serve sempre para deslocar o eixo do poder de uma classe para a outra. Da realeza para a burguesia, da burguesia para a elite partidária, dela para as mãos de um ditador, ou seja, o poder flutua entre castas privilegiadas e nunca repousa onde é originário, sobre o povo.

Aqui no Brasil se viu a mesma coisa. Hoje temos o poder nas mãos de uma casta que não distribuiu ou governou para o seu povo, mas para benefício dos membros dessa casta. Altos cargos nas mãos de metalúrgicos, de gente inculta, despreparada, um governo que só visa beneficiar amigos e correligionários do novo reizinho.

Aliás, a crítica era dos próprios ideários do sistema, Bakunin havia alertado: não adianta entregar o poder aos operários, que eles virarão burgueses no momento em que assumirem o poder, infelizmente ele estava certo.